Morador da comunidade quilombola de São Benedito do Capivari, na Zona Rural de Minas Novas, Antônio Luiz de Matos, conhecido como Antônio de Bastião ou Mestre Antônio, aprendeu desde cedo a necessidade de preservar a cultura de seus antepassados.
Representante das manifestações culturais tradicionais em Minas Gerais, o devoto de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário descobriu o verdadeiro som dos tambores que remetem à cultura dos descendentes de índios e negros que vivem na região.
Com o avô paterno, Mestre Antônio aprendeu o ofício da luteria de tambores e caixas de linha africana. A quem queira aprender, o tamborzeiro orgulhoso do dom que tem passa adiante toda sua sabedoria. "Eu fui agraciado como mestre da área dos tambores, herança dos escravos africanos. Nunca estudei nada. Sou mesmo é um analfabeto, mas nasci com esse dom e gosto de passar esse saber para as pessoas, para conservar a arte de construir e tocar tambores", explica o artista.
Outra marca forte do trabalho de Mestre Antônio é a preocupação com o meio ambiente. Em busca da madeira que melhor reproduzirá o som que cada instrumento precisa, o respeito à natureza está em primeiro lugar. Segundo o artista, a escolha da árvore que vai usar é feita com muito cuidado. "Primeiro, peço licença ao Rei da Mata e analiso o que a natureza permite ser utilizado dentro do Cerrado. Depois, já penso que tem de retornar 100% para a natureza, para dormir tranquilo, pois ela cobra. Aí eu faço meus instrumentos sem prejudicar a natureza, até os cordões que uso são feitos sob medida, para evitar o desperdício", esclarece.
Crente de que as árvores conversam, Mestre Antônio diz que o ser humano perdeu a sensibilidade de escutá-las. Segundo ele, agora as árvores só conversam uma com a outra, em latim, e o vento ajuda nessa comunicação. "Eu tenho amor à terra porque eu vim dela e ela cria os seres humanos".
Para Mestre Antônio, o importante mesmo é respeitar o próximo, independente de raça ou credo. Em sua extraordinária luta pela vida, pela dignidade, pela terra e pela alegria de bem viver ao som de seus os tambores, o luthier de 74 anos continua a abrir caminhos na cultura popular.
Tamborzeiro por tradição, herança e fé, esse artista popular é um mineiro sábio e generoso que respeita a natureza, os seres humanos e as forças divinais.
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