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MAI
29
29 MAI 2018
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Por Paulo Queiroga

Ética e solidariedade na crise

Em cada conversa de esquina, nos bares, nas rodas no clube, nas igrejas, o assunto predominante no país, hoje, é que o Brasil vive uma crise ética impensável, principalmente, por parte dos políticos e dos governos. Pura verdade.

O fato é que, em 2018, o cidadão brasileiro comum conhece mais sobre prisão preventiva e temporária, condenação em primeira ou segunda instância, processo transitado em julgado, “habeas corpus”, o pomposo “data máxima vênia” e outros latinismos utilizados pelo juridiquês, do que a escalação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo na Rússia. Fato impensável no Brasil até a Copa do mundo de 2014, aliás, também atolada em corrupção de políticos, empresários e entidades desportivas.

A crise geral de abastecimento gerada pela paralização dos caminhoneiros, em maio deste ano, nos ensina e confirma que a expressão “Brasil, pátria de chuteiras”, consagrada por Nelson Rodrigues, na década de 1950, ficou realmente no passado.

A corrupção sistêmica atingiu patamares nunca alcançados, na mesma medida em que seu combate de aparente legalismo galgou também números recordes, pelo menos, em divulgação pela grande mídia e nas redes sociais. Tudo isso contribuiu para as transformações na percepção da realidade e no chamado caráter do cidadão brasileiro.

A nação reage pela segunda vez (a primeira foi em 2013, com os 20 centavos das passagens de ônibus), revelando uma nova consciência crítica quanto aos rumos da nação, em níveis surpreendente aos olhos dos poderes constituídos.

Nasce então um novo imaginário do brasileiro: O cidadão crítico, atento aos rumos políticos e econômicos da nação, ainda que, muitas vezes, bradados com conceitos superficiais e argumentos equivocados.

Em outra forma, o que salta à vista do observador atento é que, em ambiente de guerra, a primeira vítima é a verdade.

No Brasil, ainda se fala de ideologias de “direita” e “esquerda” como se referisse a dois times competidores. Um mundo que se resumiria em cada um levar sua bola para o gol do adversário e, com o balançar da rede, estaria garantida a vitória e a felicidade geral da nação.

Não é o caso, neste pequeno espaço, de discorrer sobre complexas reflexões sobre direita e esquerda políticas, sequer debulhar em teses eruditas, que acusam ou fazem apologia desta ou daquela corrente ideológica, cada uma com suas justificativas históricas e de geopolítica e seus setores representativos, o que seria enfadonho para o leitor.

O foco aqui é nos atentarmos para o fato de que as informações que nos chegam pela grande imprensa e, ingenuamente, as digerimos como uma esponja e as reproduzimos horizontalmente nas redes de relacionamentos, Invariavelmente, são criadas intencionalmente, ou seja, com endereço certo, e passam por rigorosos filtros ideológicos antes de serem publicadas, seja pela mídia tradicional, seja nas redes sociais, em sua origem.

Mas, à parte a coerência ou não da maior parte das narrativas, irrefletidas, agressivas ou ponderadas, a realidade, para nossa tristeza, é que o cidadão brasileiro ainda se coloca pouco como um indivíduo, ou melhor, como cidadão de verdade, neste palco da vida em sociedade, onde somos autores de nossa própria tragédia.

Ao largo da constatação de que a categoria dos caminhoneiros possui mais força política do que o imaginado pelo governo e até por eles próprios, a consciência cidadã ainda não logrou êxito, via de regra, no cidadão brasileiro como individuo.

Somente com este olhar crítico é que poderemos alimentar a esperança de um efetivo amadurecimento do senso comum do brasileiro como cidadão.

Em países de cidadãos verdadeiramente amadurecidos, seria impensável, comerciantes se aproveitarem de situações de emergência ou calamidade e, arbitrariamente, majorarem os preços de seus produtos em estoque, em razão do aumento da demanda por consumo, em meio a uma crise de desabastecimento.

Estes falsos cidadãos brasileiros que, egoisticamente, seguem os mandamentos do deus dinheiro, rezam o “sagrado” catecismo da “oferta e da procura” e se justificam em cima de desumanas leis de mercado, são os mesmos que saem às ruas reivindicando ética e decência na política e compartilham frases de efeito nas redes sociais, como arautos da verdade e da moralidade.

No fundo, são indivíduos que não se enxergam como animal político, como ser social. Presunçosos, na obstinada busca pelo lucro imediato, sentem-se superiores aos demais cidadãos.

Desprezando as necessidades da coletividade, ele se apega ao lucro contingente em momentos de calamidade, como se esta atitude imoral pudesse salvá-lo de uma crise da qual ele também é vítima.

O comerciante que, em momentos de dificuldades coletivas como as que vive o Brasil neste momento, não sendo capaz de se sensibilizar e, de forma desumana, declina do sagrado sentido humano da solidariedade, não deveria conviver em sociedade, e muito menos, manter seu comércio em momentos de paz.

Os mesmos cidadãos consumidores, vitimas, que alimentam sua frenética fome de riqueza no período de crise, não se esquecerão de sua ganância e avareza, quando o país retornar à normalidade.

Pelo menos, é assim que pensam e agem os cidadãos de bem, livres e de bons costumes, que compõem a maioria dos brasileiros.

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